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Redução da jornada de trabalho trará impactos severos para economia do país, afirma Fiep

Levantamento da entidade mostra que medida resultaria em aumento de mais de 22% nos custos da indústria paranaense, comprometendo a competitividade do setor

Autor: Edson VasconcelosFonte: Fiep

A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) considera que a PEC 8/2025, que propõe a extinção do regime de trabalho 6x1 e a consequente redução da jornada semanal no Brasil, poderá trazer impactos severos para a competitividade do setor industrial e para a economia do país. A Fiep prevê que, somente na indústria paranaense, a eventual aprovação da medida resultaria em um aumento de mais de 22% nos custos do setor com mão de obra, o que comprometeria investimentos e pressionaria os preços ao consumidor.

O presidente da Fiep, Edson Vasconcelos, reforça que, antes de qualquer mudança constitucional que impacte diretamente a rotina produtiva, o país precisa discutir com seriedade temas estruturais como a baixa produtividade no trabalho, que demanda investimentos em tecnologia e qualificação, e o elevado custo da folha de pagamento, reflexo dos encargos trabalhistas excessivos. "A simples redução da jornada de trabalho, sem avanços reais em produtividade, representa um aumento significativo no custo para as empresas, o que tende a ser repassado aos preços ao consumidor. Isso pressiona a inflação e compromete diretamente o poder de compra dos trabalhadores", alerta Vasconcelos.

Impactos na indústria

Um levantamento técnico realizado pela Fiep aponta que, caso a proposta seja implementada, o custo da mão de obra na indústria de transformação paranaense aumentaria em mais de 22%. Na prática, o salário/hora médio no setor subiria de R$ 10,50 para R$ 12,83, enquanto o piso regional passaria de R$ 9,65 para R$ 11,80 por hora trabalhada. Para a Federação, essa elevação afetaria diretamente a capacidade de investimento e a geração de empregos formais no setor, estimulando ainda mais a informalidade, que já representa cerca de 40% do mercado de trabalho brasileiro.

Outro estudo, elaborado pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), revela que a redução da jornada sem o correspondente aumento da produtividade pode comprometer até 16% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, com uma queda de até R$ 2,9 trilhões no faturamento dos setores produtivos. Além disso, o levantamento mostra que a medida pode ter efeito contrário ao previsto, tendo potencial de fechar até 18 milhões de postos de trabalho no país.

Realidades distintas

A Fiep também aponta um descompasso entre a proposta e a realidade internacional, em que a adoção de jornadas reduzidas costuma estar atrelada a níveis mais elevados de produtividade, carga tributária mais equilibrada e relações trabalhistas mais flexíveis. "Experiências internacionais de redução de jornada envolvem realidades em termos de nível de produtividade e custos do trabalho absolutamente distintas da nossa", afirma Vasconcelos. "Replicar modelos importados, desconsiderando o contexto brasileiro, apenas agravaria os desafios históricos enfrentados pela indústria nacional e comprometeria ainda mais o desenvolvimento do país", completa.

A entidade também ressalta que a atual legislação trabalhista, modernizada pela reforma de 2017, já prevê a possibilidade de negociação coletiva entre empresas e trabalhadores, permitindo que jornadas e salários sejam ajustados conforme a realidade de cada setor, sem necessidade de imposições constitucionais. Por fim, a Fiep reitera sua disposição para contribuir com o debate público, sempre em defesa do equilíbrio entre custos e geração de riqueza, da inovação produtiva e de um Brasil mais competitivo e sustentável.

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